Droga 20 vezes mais forte do que a que matou Prince já fez três vítimas no Reino Unido

Três jovens britânicos morreram após tomar uma nova droga sintética da família dos opioides (analgésicos) e que é 20 vezes mais forte que o remédio fentanil, conhecido por ter levado o cantor Prince à overdose fatal em 2016.

As três mortes relacionadas ao opioide N-pirrolidino etonitazeno (mil vezes mais forte que morfina) ocorreram na cidade de Birmingham, em outubro de 2021, informa a emissora estatal britânica BBC.

Os estudantes Dylan Michael Byfield-Lell, de 20 anos, e Jakob Wozniak, de 19, e o empresário Miles Elliott Davis, de 27, foram vítimas da poderosa droga sintética.

A médica Judith Yates, que é especializada na identificação de mortes causadas por drogas em Birmingham, diz à emissora que ficou “chocada” depois de ver os efeitos desse opioide.

O estudante Byfield-Lell, que morava em Sutton Coldfield, tinha um problema cardíaco preexistente e foi encontrado desmaiado em casa por um parente às 5h15 de 2 de outubro, depois de sair com amigos. A legista Emma Brown, de Birmingham, confirmou que a morte do jovem ocorreu devido a causas naturais em combinação com o uso de drogas e álcool.

Wozniak foi encontrado desmaiado em 3 de janeiro de 2022. O inquérito sobre seu óbito também mostrou que o etonitazeno foi a principal causa. Já em relação ao empresário Davis, que faleceu em 10 de outubro, o processo sobre sua morte ainda não foi concluído, de acordo com a BBC. No entanto, um patologista sugeriu que a toxicidade do N-pirrolidino etonitazeno será o motivo.

“Esses três casos surgiram do nada, nunca vimos esse produto químico antes em Birmingham”, revela Judith Yates à emissora. Ela acrescenta que a droga parece ser uma substituta do fentanil, mas muito mais potentes e que estaria sendo vendida na deep web e não nas ruas.

“Não há como saber o que está em uma cartela que você adquire online ou na rua”, diz a médica britânica.

O que é o N-pirrolidino etonitazeno?

A substância N-pirrolidino etonitazeno é um opioide sintético, 20 vezes mais forte que o analgésico fentanil e, ainda mais incrível, mil vezes mais poderoso que a morfina, muito usada para aliviar a dor, mas com potencial para causar dependência.

O etonitazeno foi identificado pela primeira vez em maio de 2021, segundo a BBC. Os compostos usados nessa droga foram originalmente desenvolvidos nas décadas de 1950 e 1960.

A primeira pessoa que se acredita ter usado esse composto no Reino Unido foi um jovem de 18 anos que estava inconsciente e sem respirar quando foi encontrado pela mãe em julho de 2021. Ela fez o procedimento cardiorrespiratório de ressuscitação. O rapaz foi tratado pelo médico Mark Pucci, consultor dos hospitais públicos universitários de Birmingham.

Como o especialista conta à emissora, quando os paramédicos socorreram o jovem, ele não tinha pulso e já não respirava, mas foi salvo por uma injeção do antídoto naloxona. Em seguida, foi sedado e colocado no equipamento de respiração artificial.

“Ele teve muita sorte de sobreviver. Tudo graças à resposta rápida da mãe. Ele teve uma parada cardiorrespiratória, então tem muita sorte de estar vivo”, comenta Pucci à BBC.

O médico, que escreveu um relatório sobre o caso do jovem de 18 anos, disse que estudos em animais mostraram que o etonitazeno é mil vezes mais poderoso que a morfina.

São necessárias doses muito elevadas do antídoto naloxona para tratar uma vítima desse remédio, devido à sua potência.

“Esses casos não são realmente detectados em testes de rotina para drogas, então pode haver outras vítimas que ainda não conhecemos. Acho que podem ter casos recentes em Londres”, sugere Mark Pucci à emissora estatal.

Ele conta que o N-pirrolidino etonitazeno pode vir da China, onde estão tentando banir a substância, e chega ao Reino Unido pela Rússia ou pelo Leste Europeu.