Saúde
Duas mulheres se trataram da covid longa usando antialérgicos comuns
Estudo recente apresenta os casos das pacientes de meia-idade que melhoraram os sintomas da covid longa usando anti-histamínicos vendidos sem receita médica
Um estudo publicado na última segunda (7/2) no periódico científico Journal for Nurse Practitioners, cientistas revelam o caso de duas pacientes de meia-idade que apresentaram melhora substancial nos sintomas da “covid longa” usando anti-histamínicos (antialérgicos) vendidos sem receita.
As voluntárias dizem ter adquirido covid-19 durante o primeiro ano da pandemia. Elas eram relativamente saudáveis e se exercitavam regularmente antes da doença. Entre os sintomas crônicos que apresentaram após a suposta infecção pelo coronavírus, destaque para fadiga, comprometimento cognitivo (neblina cerebral) e incapacidade de praticar exercícios. Uma paciente desenvolveu os chamados “dedos de covid”, quando ocorre descoloração e dor nos dedos dos pés.
Ambas tinham histórico de alergias e às vezes usavam anti-histamínicos para tratá-las, revela o site americano Gizmodo. Uma delas, seis meses após o início dos sintomas, apresentou uma reação alérgica a um queijo e precisou tomar um anti-histamínico de venda livre. Logo depois, ela experimentou “considerável alívio da fadiga e melhor capacidade de concentração’. A outra paciente mudou para um medicamento anti-histamínico diferente do habitual 13 meses após a covid longa e experimentou o mesmo alívio quase imediato.
Como mostra o estudo, as duas mulheres continuaram a tomar antialérgicos rotineiramente e relataram uma recuperação quase completa dos sintomas, permitindo até que voltassem a se exercitar regularmente.
“As apresentações clínicas descritas aqui são consistentes com outras pesquisas sobre covid longa e oferecem evidências interessantes para o tratamento de sintomas de covid longa com um antagonista de histamina [reação alérgica] de venda livre altamente acessível”, escrevem os autores, citados pelo Gizmodo.
Como observam os cientistas, há evidências claras de que um sistema imunológico deficitário pode contribuir para os sintomas da covid, incluindo aspectos de nossa imunidade que podem ser regulados por meio de anti-histamínicos. Portanto, pode haver um mecanismo plausível para explicar os dois casos analisados no artigo recém-publicado. Mas há algumas considerações importantes a serem observadas.
Nenhuma das mulheres apresentou resultado positivo para covid-19, embora tenham experimentado sintomas como febre, tosse e dores no corpo. Elas também não tinham anticorpos para o coronavírus em exames posteriores. Claro que esses resultados negativos não significam que as pacientes não contraíram a doença. Mas podem ter alguma importância para comparar o potencial do tratamento com antialérgico com o de pessoas que apresentavam anticorpos.
Outro fator apontado pelo Gizmodo é que se suspeita que a covid longa possa ter mais de uma causa. Portanto, mesmo que os anti-histamínicos possam beneficiar alguns pacientes, eles não teriam efeito em outros. De qualquer forma, os autores dizem que são necessárias mais pesquisas para testar esses medicamentos contra os efeitos do coronavírus.
Eles alertam também ninguém tomar remédio sem acompanhamento médico.