Saúde
Especialista da USP confirma eficácia da vacina CoronaVac como dose de reforço contra a covid-19
A reumatologista Nádia Aikawa, da USP, explica que a produção de anticorpos foi muito alta mesmo em pacientes imunossuprimidos
Apesar de muita gente ainda questionar a necessidade das doses de reforço das vacinas contra covid-19, um estudo do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que a CoronaVac pode gerar alta resposta imune quando aplicada como “terceira dose”. A pesquisa foi realizada em pacientes imunossuprimidos e mostrou taxas que superam os 90% de positividade de anticorpos IGG (imunoglobulina G) entre os voluntários que receberam três doses do imunizante. Há também uma nova fase prevista do estudo para envolver a quarta dose de reforço, mas com a vacina da biofarmacêutica americana Pfizer.
Segundo a reumatologista Nádia Aikawa, do Hospital das Clínicas, em entrevista ao Jornal da USP, o estudo contou com mais de mil pacientes, divididos em dois grupos: um tinha doenças autoimunes (artrite reumatoide, lúpus, entre outras) e o outro grupo continha indivíduos saudáveis. Com aplicação da terceira dose da vacina contra o coronavírus (SARS-CoV-2), a resposta imunológica dos imunossuprimidos “subiu de 60% para mais de 90% e, entre os controles saudáveis, para 100%. Então, foi uma resposta excepcional”, revela a médica.
A especialista destaca também que, para esse estudo, foram avaliados dois tipos de anticorpos: o IGG, amplamente usado em estudos, e os anticorpos neutralizantes, mais específicos para o SARS-CoV-2. “Então, avaliar a resposta humoral, resposta de anticorpos, é uma forma de avaliar a imunogenicidade”, completa Aikawa.
Apesar de existirem muitos dados sobre a duração da proteção vacinal, nesse estudo, revela a reumatologista, “em seis meses houve uma queda de, na realidade, quase 30% de positividade”, o que, para ela, não é muito. Mas algumas evidências apontam para diminuição de 80% da resposta imunológica em indivíduos saudáveis. “Ainda é um campo não tão claro”, afirma.
De qualquer forma, a importância das doses de reforço para aumentar a imunidade foi confirmada por essa pesquisa do Hospital das Clínicas da USP.
“A cada dose de reforço, temos observado um incremento maior do que o obtido na primeira vacinação. Então, a resposta da terceira dose no nosso grupo foi três vezes maior do que a obtida nas primeiras doses”, ressalta Nádia Aikawa na entrevista.
Ainda de acordo com a especialista, a utilização do esquema de vacinação heterólogo (mais de um tipo de vacina), no estudo envolvendo cerca de 200 participantes, após a terceira dose do imunizante, não houve resposta de anticorpos satisfatória. Esses pacientes foram reconvocados para tomar uma quarta dose, agora da Pfizer. “Obtivemos novamente uma resposta muito satisfatória, de mais de 95% dos indivíduos […] que criaram anticorpos um mês após a quarta dose”, explica.
Ouça abaixo a entrevista completa da médica:
(com Jornal da USP)