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Saúde

Estudo associa bebidas com açúcar a maior risco de câncer de intestino em mulheres

Por João Paulo Martins  em 07 de maio de 2021

Pesquisa americana descobre que o consumo diário de duas latas de refrigerante não diet pode dobrar o risco de câncer colorretal em mulheres antes dos 50 anos

Estudo associa bebidas com açúcar a maior risco de câncer de intestino em mulheres
(Foto: Freepik)

Mulheres abaixo de 50 anos que consomem duas latas de bebidas adoçadas com açúcar (cerca de 350 ml) todos os dias podem dobrar o risco de desenvolver câncer colorretal (de intestino), segundo estudo publicado na última quinta (6/5) no jornal científico Gut.

Todo mundo sabe que o consumo regular de refrigerantes com alto teor de açúcar está relacionado à obesidade e ao diabetes tipo 2. No entanto, o efeito cancerígeno ainda não estava claro.

A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é que entre 2020 e 2022 o Brasil registre 41.010 novos casos anuais de câncer de intestino.

Entendendo o estudo

Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em Missouri, nos EUA, analisaram mais de 95.000 voluntárias, que forneceram informações sobre suas dietas a cada quatro anos durante 24 anos.

Os resultados sugerem que as mulheres que ingeriam 700 ml ou mais de bebidas açucaradas (incluindo sucos de fruta, energéticos e isotônicos) por dia tinham duas vezes mais chances de desenvolver câncer colorretal antes de completarem 50 anos do que aquelas que bebiam menos de uma vez por semana.

Embora não esteja claro, a hipótese dos pesquisadores é de que refrigerantes podem reduzir a sensação de saciedade, fazendo com que as pessoas comam mais do que precisam. Consequentemente, o excesso de peso é associado ao risco de tumor.

Bebidas açucaradas x câncer de intestino

Para entender melhor a ligação entre bebidas adoçadas com açúcar e câncer de intestino, os cientistas da Universidade de Washington analisaram as participantes do estudo americano Nurses Health Study II. Todas enfermeiras com idades entre 25 e 42 anos no início do estudo em 1989.

A partir de 1991, as mulheres passaram a relatar o que comiam e bebiam por meio de um questionário que devia ser preenchido a cada quatro anos.

Das mais de 95.000 voluntárias, cerca de 41.000 também foram capazes de contar como era a dieta durante a adolescência.

Nos 24 anos do estudo, 109 enfermeiras desenvolveram câncer de intestino antes de completarem 50 anos.

Cada bebida açucarada a mais na dieta foi associada a um risco 16% maior de surgimento do tumor colorretal, aumentando para 32% quando a bebida havia sido consumida durante a adolescência.

No que diz respeito ao consumo na fase adulta, a substituição do refrigerante adoçado com açúcar por alguma bebida com adoçante químico levou a uma redução de 17% a 36% no risco, sugerem os resultados.

As descobertas permaneceram as mesmas depois que os cientistas ajustaram outros fatores que podem influenciar o risco de câncer de intestino, como histórico familiar.

Ainda assim, é preciso destacar que a pesquisa americana não levou em conta fatores de risco são difíceis de contabilizar, como o consumo excessivo de carne vermelha e embutidos, que é associado ao aparecimento de tumor colorretal.