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Saúde

Estudo associa gengivite não tratada à progressão da doença de Alzheimer

Por João Paulo Martins  em 19 de agosto de 2022

Causado pela bactéria Fusobacterium nucleatum, o problema bucal levaria a uma inflamação grave associada aos sintomas da doença neurológica

Estudo associa gengivite não tratada à progressão da doença de Alzheimer
(Foto: iStock)

 

Em estudo publicado no final de junho na revista científica Frontiers in Aging Neuroscience, pesquisadores afirmam ter encontrado uma relação entre bactéria que causa gengivite e o surgimento da doença de Alzheimer.

A bactéria Fusobacterium nucleatum (F. nucleatum) é comum na boca e costuma causar problemas no maxilar e nas gengivas. Se não for combatida, pode levar até à perda dos dentes. Segundo o site americano SciTechDaily, em estudos recentes, a bactéria foi relacionada a uma variedade de condições, incluindo parto prematuro e câncer colorretal.

“Nosso estudo é o primeiro a descobrir que a Fusobacterium nucleatum pode gerar inflamação sistêmica e até infiltrar tecidos do sistema nervoso e ampliar os sinais e sintomas da doença de Alzheimer”, comenta o pesquisador Jake Jinkun Chen, da Universidade Tufts, nos EUA, principal autor do estudo, citado pelo site americano.

O cientista explica que a bactéria também pode causar grave inflamação generalizada, que é sintoma comum a muitas doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2 e Alzheimer.

No estudo atual, realizado em camundongos, a F. nucleatum levou à proliferação anormal de células microgliais, presentes no cérebro e que, normalmente, ajudam a remover neurônios danificados e a tratar infecções, mantendo a saúde geral do sistema nervoso central.

Porém, o excesso de células microgliais também criou uma grave resposta inflamatória, revela o SciTechDaily. Os cientistas acreditam que essa inflamação crônica seja um fator-chave no declínio cognitivo que ocorre à medida que a doença de Alzheimer progride.

“Nossos estudos mostram que a F. nucleatum pode reduzir as habilidades de memória e pensamento em camundongos por meio de certas vias de sinalização. Esse é um sinal de alerta para pesquisadores e médicos”, diz Jake Chen.

As possíveis ligações entre doenças periodontais e Alzheimer já foram sugeridas anteriormente. Embora a nova pesquisa não comprove que a gengivite relacionada à bactéria Fusobacterium nucleatum leve diretamente à doença de Alzheimer, sugere que a doença periodontal, sem o devido tratamento, pode ampliar os sintomas da condição neurodegenerativa, informa o site americano.

Por outro lado, quando a doença periodontal é tratada adequadamente em pacientes com Alzheimer, que estejam no estágio inicial da doença, pode ajudar a retardar a progressão da condição neurológica, de acordo com o estudo recém-divulgado.

“Testar a carga bacteriana e o grau de sintomas podem um dia se tornar uma maneira de medir os efeitos da F. nucleatum e gerenciar o tratamento para retardar a progressão da doença periodontal e da doença de Alzheimer”, comenta Jake Chen ao SciTechDaily.