Saúde
Estudo associa gengivite não tratada à progressão da doença de Alzheimer
Causado pela bactéria Fusobacterium nucleatum, o problema bucal levaria a uma inflamação grave associada aos sintomas da doença neurológica
Em estudo publicado no final de junho na revista científica Frontiers in Aging Neuroscience, pesquisadores afirmam ter encontrado uma relação entre bactéria que causa gengivite e o surgimento da doença de Alzheimer.
A bactéria Fusobacterium nucleatum (F. nucleatum) é comum na boca e costuma causar problemas no maxilar e nas gengivas. Se não for combatida, pode levar até à perda dos dentes. Segundo o site americano SciTechDaily, em estudos recentes, a bactéria foi relacionada a uma variedade de condições, incluindo parto prematuro e câncer colorretal.
“Nosso estudo é o primeiro a descobrir que a Fusobacterium nucleatum pode gerar inflamação sistêmica e até infiltrar tecidos do sistema nervoso e ampliar os sinais e sintomas da doença de Alzheimer”, comenta o pesquisador Jake Jinkun Chen, da Universidade Tufts, nos EUA, principal autor do estudo, citado pelo site americano.
O cientista explica que a bactéria também pode causar grave inflamação generalizada, que é sintoma comum a muitas doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2 e Alzheimer.
No estudo atual, realizado em camundongos, a F. nucleatum levou à proliferação anormal de células microgliais, presentes no cérebro e que, normalmente, ajudam a remover neurônios danificados e a tratar infecções, mantendo a saúde geral do sistema nervoso central.
Porém, o excesso de células microgliais também criou uma grave resposta inflamatória, revela o SciTechDaily. Os cientistas acreditam que essa inflamação crônica seja um fator-chave no declínio cognitivo que ocorre à medida que a doença de Alzheimer progride.
“Nossos estudos mostram que a F. nucleatum pode reduzir as habilidades de memória e pensamento em camundongos por meio de certas vias de sinalização. Esse é um sinal de alerta para pesquisadores e médicos”, diz Jake Chen.
As possíveis ligações entre doenças periodontais e Alzheimer já foram sugeridas anteriormente. Embora a nova pesquisa não comprove que a gengivite relacionada à bactéria Fusobacterium nucleatum leve diretamente à doença de Alzheimer, sugere que a doença periodontal, sem o devido tratamento, pode ampliar os sintomas da condição neurodegenerativa, informa o site americano.
Por outro lado, quando a doença periodontal é tratada adequadamente em pacientes com Alzheimer, que estejam no estágio inicial da doença, pode ajudar a retardar a progressão da condição neurológica, de acordo com o estudo recém-divulgado.
“Testar a carga bacteriana e o grau de sintomas podem um dia se tornar uma maneira de medir os efeitos da F. nucleatum e gerenciar o tratamento para retardar a progressão da doença periodontal e da doença de Alzheimer”, comenta Jake Chen ao SciTechDaily.