Saúde
Estudo associa hipotireoidismo em idosos ao maior risco de demência
Baixa produção de hormônios na tireoide de pessoas acima de 65 anos poderia aumentar em 80% as chances de surgimento da demência
Pessoas idosas com hipotireoidismo, ou baixa atividade da glândula tireoide, podem ter um risco aumentado de desenvolver demência, de acordo com um estudo publicado na última quarta (6/7) na revista científica Neurology.
A chance de aparecer o problema neurodegenerativo foi ainda maior em pessoas que usavam remédio para repor o hormônio tireoidiano.
Segundo o site do Ministério da Saúde, o hipotireoidismo é caracterizado pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tirozina) pela glândula tireoide. A baixa quantidade desses compostos leva à redução do metabolismo, tendo como consequência sintomas que incluem depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, falhas de memória, cansaço excessivo, queda de cabelo, ganho de peso e aumento do colesterol no sangue.
“Em alguns casos, os distúrbios da tireoide foram associados a sintomas de demência que podem ser reversíveis com o devido tratamento. Embora sejam necessários mais estudos para confirmar as descobertas, as pessoas devem estar cientes de que problemas da tireoide são um possível fator de risco para demência e terapias que podem prevenir ou retardar o declínio cognitivo irreversível”, alerta o pesquisador Chien-Hsiang Weng, da Universidade Brown em Providence, Rhode Island (EUA), um dos autores do estudo, citado pelo site americano Neuroscience News.
Para chegar a essas conclusões, os cientistas analisaram registros de saúde de 7.843 pacientes recém-diagnosticados com demência em Taiwan e os compararam com o mesmo número de pessoas que não tinham a condição neurológica. A média de idade dos participantes era de 75 anos e foi verificado também o histórico de hipotireoidismo ou hipertireoidismo (tireoide produz muito hormônio, aumentando o metabolismo).
De acordo com o Neuroscience News, 102 voluntários apresentavam hipotireoidismo e 133 tinham hipertireoidismo. Não foi verificada nenhuma ligação entre hipertireoidismo e demência.
Entre os que apresentavam a condição neurodegenerativa, 68 (0,9%) tinham hipotireoidismo, em comparação com 34 (0,4%) sem o problema.
Quando os pesquisadores ajustaram outros fatores que poderiam afetar o risco de demência, como sexo, idade, pressão alta e diabetes, descobriram que quem tinha mais de 65 anos e apresentava baixa atividade da tireoide teria 80% mais chances de desenvolver demência.
Para pessoas com menos de 65 anos, o histórico de hipotireoidismo não foi associado a um risco aumentado do problema neurológico.
Os cientistas analisaram os participantes que tomavam medicamentos para hipotireoidismo e descobriram que eles tinham risco três vezes maior de desenvolver demência do que quem não tomava remédio, revela o site americano.
Chien-Hsiang Weng lembra que o estudo é observacional e não prova que o hipotireoidismo seja uma causa de demência, revelando apenas uma associação. Além disso, os pesquisadores não conseguiram incluir informações sobre o nível de hipotireoidismo dos voluntários.