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Saúde

Favipiravir é a solução para a covid-19, como se vê na internet?

Por João Paulo Martins  em 26 de abril de 2021

Antiviral Avigan, da Fujifilm, está sendo considerado o “exterminador” do novo coronavírus, mas não apresentou resultado nem em teste clínico contra o vírus Influenza

Favipiravir é a solução para a covid-19, como se vê na internet?
(Foto: Freepik)

Na pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), surgiu uma pressão social para o rápido desenvolvimento de medicamentos contra o vírus. No Japão, embora o antiviral favipiravir, produzido pela Fujifilm sob a marca Avigan, tenha sido defendido pela mídia e políticos como promissor no tratamento da covid-19, as autoridades regulatórias não aprovaram a substância, por ter se saído mal no teste clínico com o vírus Influenza.

Muitos remédios inicialmente considerados promissores para enfrentar o SARS-CoV-2 acabaram se revelando ineficazes em testes clínicos.

Notavelmente, depois que o ex-presidente Donald Trump repetidamente elogiou o antimalárico hidroxicloroquina como um “divisor de águas”, em junho de 2020, praticamente todos os estudos publicados relataram que o medicamento não foi eficaz na redução da mortalidade ou morbidade decorrentes da covid-19.

Antiviral japonês

O favipiravir é um inibidor de RNA, prevenindo a transcrição e replicação viral, e foi aprovado pela primeira vez no Japão em 2014 para o tratamento de infecções causadas pelo Influenza ou suas cepas – limitado a casos em que outros medicamentos antivirais da gripe são ineficazes.

Como mostra um artigo científico publicado na última quarta (21/4) no jornal Clinical Pharmacology & Therapeutics, o ensaio de fase Ⅲ do Avigan, apresentado pela Fujifilm para aprovação regulatória, foi do tipo duplo-cego randomizado e projetado para ser equivalente ou superior ao antiviral oseltamivir (Tamiflu), também usado no tratamento da gripe, incluindo a variante H1N1.

No entanto, o favipiravir falhou em mostrar não inferioridade ao Tamiflu, de acordo com o artigo recém-publicado, mas aumentou significativamente o tempo em que os infectados permaneceram doentes.

Portanto, a autoridade reguladora do Japão, a Pharmaceuticals and Medical Devices Agency (PMDA), concluiu oficialmente que a eficácia do Avigan não foi demonstrada.

“Além disso, em termos de segurança, a teratogenicidade [defeitos na formação do feto] do fármaco demonstrada em experimentos com animais foi considerada uma questão importante”, afirmam os cientistas no artigo.

Curiosamente, como as infecções causadas pelo vírus influenza são uma preocupação para a sociedade, o medicamento foi aprovado pelo governo japonês, sob a condição de não ser fabricado a menos que solicitado pelo Ministro da Saúde Trabalho e Bem-Estar do Japão.