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Saúde

Genética pode ser fator importante na gravidade da gripe, afirma estudo

Por João Paulo Martins  em 26 de novembro de 2021

Cientistas descobriram que o vírus Influenza age de forma diferente nas células de defesa de pessoas com descendência europeia e africana

Genética pode ser fator importante na gravidade da gripe, afirma estudo
(Foto: Freepik)

 

Pesquisadores descobriram que os efeitos da gripe podem ser diferentes dependendo da genética do paciente.

No estudo publicado na última quinta (25/11) na revista científica Science, eles descobriram que as células mononucleares do sangue periférico, um conjunto diversificado de células imunológicas que atuam na resposta do corpo à infecção, agem de forma diferente em homens com ascendência europeia e nos de origem africana.

Segundo o site americano de notícias médicas News Medical, essas células especializadas foram expostas ao vírus da gripe em teste de laboratório. Isso permitiu à equipe examinar as assinaturas gênicas e determinar como a infecção causada pelo Influenza age sobre o DNA de cada tipo de célula.

Os resultados mostram que indivíduos de ascendência europeia apresentam um aumento na atividade da via do interferon tipo I (proteínas com efeito antiviral) durante a infecção inicial da gripe, explica o site.

“Os interferons são proteínas essenciais para combater as infecções virais. Na covid-19, por exemplo, a resposta do interferon tipo I foi associada a diferenças na gravidade da doença”, comenta o pesquisador Luis Barreiro, da Universidade de Chicago (EUA), um dos autores do estudo, citado pelo site especializado.

Essa ativação do interferon foi relacionada à maior capacidade de impedir a replicação do vírus e um maior efeito imune para futuras infecções gripais. “A indução de uma forte resposta da via do interferon tipo I no início da infecção interrompe a replicação do vírus e pode, portanto, ter um impacto direto na capacidade do corpo de controlar o vírus. Inesperadamente, essa importante via para nossa defesa contra o vírus parece estar entre as mais divergentes entre indivíduos de ascendência africana e europeia”, explica Barreiro ao News Medical.

Os cientistas encontraram diferenças na expressão do gene em vários tipos de células, indicando que a variação da resposta imune não é ligada a um único tipo de anticorpo, mas sim, a um conjunto de células que trabalham juntas para combater doenças, esclarece o site americano.

Essa diferença na ativação da via imunológica pode explicar as disparidades nos resultados do combate ao Influenza entre diferentes grupos raciais. Os negros americanos não hispânicos têm maior probabilidade de serem hospitalizados devido à gripe do que qualquer outro grupo racial, afirma o News Medical.

No entanto, os pesquisadores alertam que os resultados não são evidências de diferenças genéticas na suscetibilidade a doenças. Em vez disso, fatores ambientais e de estilo de vida podem diferir entre os grupos raciais e influenciar a expressão do gene, o que pode, por sua vez, afeta a resposta imunológica.

“Há uma forte relação entre a resposta do interferon e a proporção do genoma de ascendência africana, o que pode fazer você pensar que é genético, mas não é tão simples. A ancestralidade genética também se correlaciona com diferenças ambientais”, diz Luis Barreiro ao site especializado.