Ibuprofeno, nimesulida e diclofenaco não pioram quadro de covid-19

Usar os anti-inflamatórios ibuprofeno, nimesulida ou diclofenaco não piora o quadro de pacientes internados com covid-19 ou aumente o risco de morte, sugere estudo publicado na última sexta (7/5) na revista científica Rheumatology, do grupo The Lancet.

Os cientistas descobriram que o uso de anti-inflamatórios não esteroides, comumente usados para tratar dor aguda, é seguro e não resulta em alteração do quadro infeccioso causada pelo novo coronavírus.

A pesquisa observacional ISARIC CCP-UK (Protocolo de Caracterização Clínica do Consórcio de Infecção Clínica Emergente e Respiratória Grave Aguda Internacional do Reino Unido) avaliou 72.179 pacientes internados em hospitais na Inglaterra, Escócia e País de Gales entre janeiro e agosto de 2020.

Vale lembrar que, quando os casos de covid-19 explodiram no mundo, houve controvérsia em relação à prescrição de ibuprofeno depois que o ministro da saúde francês Olivier Veran desaconselhou o uso dele em março de 2020.

Ibuprofeno é muito usado para dor

“Os anti-inflamatórios não esteroides são muito usados para tratar uma série de condições, desde pequenas dores a condições crônicas, como artrite e doenças cardiovasculares. Muitas pessoas contam com eles para poderem realizar suas atividades diárias. Quando a pandemia começou, precisávamos ter certeza de que esses medicamentos comuns não levariam risco a pessoas com covid-19”, comenta a pesquisadora Ewen Harrison, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, principal autora do estudo, citada pelo portal AOL.

Dos mais de 72.000 voluntários avaliados pela pesquisa, 5,8% (4.211) haviam tomado anti-inflamatório como o ibuprofeno nos 14 dias anteriores à hospitalização devido ao coronavírus.

Os resultados mostram que 30,4% dos pacientes com covid-19 que receberam o medicamento antes de serem admitidos no hospital acabaram morrendo. A taxa de mortalidade foi semelhante (31,3%) em pacientes que não haviam tomado anti-inflamatórios não esteroides, afirmam os pesquisadores.

Além disso, as análises sugerem que aqueles que tomaram essa classe de remédio não tiveram maior probabilidade de apresentarem quadro grave da infecção, como ser internado em CTI ou UTI ou precisar de oxigênio.

Os pesquisadores afirmam ainda no estudo que os médicos devem continuar prescrevendo ibuprofeno ou outro anti-inflamatório não esteroide tal qual era feito antes da pandemia.