Saúde
Inflamação no intestino pode ativar gene associado ao câncer colorretal, diz estudo
Cientistas analisaram como o microambiente do câncer de cólon e reto contribui para o desenvolvimento da doença
O câncer colorretal é um dos mais frequentes no Brasil, com 19,64 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100 mil mulheres de 2020 a 2022, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Agora, um estudo publicado na última segunda (17/10) na revista científica Nature Communications revela o gene que pode ser a chave no desenvolvimento desse tipo de tumor.
Pesquisadores do Instituto Tisch de Câncer, da rede de hospitais Mount Sinai, dos EUA, descobriram que o gene PDZK1IP1 é essencial para o crescimento do câncer de cólon e reto. Além disso, a inflamação no ambiente exterior ao tumor pode contribuir para o crescimento das células cancerosas.
É a primeira vez que cientistas associam o ambiente ao redor do câncer colorretal à programação do chamado "super impulsionador', uma área complexa do DNA responsável por tornar uma célula maligna. Esse super impulsionador regula o PDZK1IP1, que até então não havia sido identificado como gene causador de tumor, de acordo com o site do Mount Sinai. Quando os pesquisadores excluíram o PDZK1IP1, o crescimento do tumor colorretal diminuiu, sugerindo que o gene e seu impulsionador poderiam ser alvos de tratamentos.
“Esse câncer depende de cirurgia como forma de tratamento, e as imunoterapias que revolucionaram o tratamento do tumor em estágio avançado funcionam apenas para um pequeno grupo de pacientes com câncer de cólon e reto. É por isso que há uma grande necessidade de novas terapias”, comenta o pesquisador Royce Zhou, um dos autores do estudo, citado pelo site do grupo hospitalar.
A pesquisa atual descobriu que o super impulsionador é ativado pela inflamação ao redor do microambiente do tumor. Essa condição permite que as células cancerosas sobrevivam. As doenças inflamatórias intestinais, como a colite ulcerativa e a Doença de Crohn, são fatores de risco bem conhecidos para o câncer de cólon e reto.
“O que isso significa para a maioria dos pacientes com câncer colorretal é que a inflamação que está ocorrendo junto ao tumor está contribuindo para o crescimento dele. Isso enfatiza a importância de entender o que podemos fazer para conter os processos inflamatórios no cólon por meio da prevenção ou entender quais efeitos a dieta pode ter no microambiente do cólon”, diz o pesquisador Ramon Parsons, outro autor do estudo, também, citado pelo site do Mount Sinai.
A pesquisa recém-publicada analisou tecido tumoral vivo e tecido saudável do entorno do câncer colorretal imediatamente após cirurgias de 15 pacientes com a doença. Com isso, puderam entender o microambiente do tumor e os fatores genéticos e biológicos associados ao câncer de cólon e reto, explica Royce Zhou.