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Saúde

Inteligência artificial pode ser mais eficaz para detectar câncer de mama do que um médico, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 03 de agosto de 2023

Cientistas fizeram com que uma IA fosse capaz de detectar 20% mais tumores do que radiologistas

Inteligência artificial pode ser mais eficaz para detectar câncer de mama do que um médico, diz estudo
(Foto: iStock)

 

A inteligência artificial (IA) pode ser tão eficaz para detectar o câncer de mama em mamografias quanto um radiologista experiente, de acordo com estudo publicado na edição de agosto da revista científica The Lancet Oncology. A tecnologia pode reduzir pela metade a carga de trabalho dos médicos, permitindo que se dediquem ao diagnóstico mais avançado.

Entre abril de 2021 e julho de 2022, cientistas usaram a IA para analisar mamografias de 80.020 suecas de 40 a 80 anos. Segundo o jornal americano The Washington Post, o computador foi capaz de detectar 20% mais casos de câncer de mama do que a leitura “padrão” de dois radiologistas. As avaliações feitas pela inteligência artificial foram verificadas por médicos, dependendo do perfil de risco da paciente.

A pesquisa atual é a primeira randomizada controlada a investigar o uso de IA no rastreamento por mamografia, de acordo com os autores. Nela, metade das pacientes foi escolhida aleatoriamente para ter seus exames lidos pela inteligência artificial e a outra metade, por dois radiologistas.

Durante quase um ano de investigação, a IA detectou câncer de mama em 244 mulheres, em comparação com 203 no grupo de rastreamento padrão (por médicos) – o que dá uma diferença de 20%. Além disso, segundo o jornal americano, as triagens feitas pelo computador não geraram taxas mais altas de falsos positivos.

Apesar de os cientistas não terem medido o tempo gasto por radiologistas para fazer as leituras das mamografias, eles assumiram que os médicos podiam ler cerca de 50 exames por hora. Com a ajuda da IA, um radiologista deixaria de ficar de quatro a seis meses lendo mamografias. Ou seja, reduziria até pela metade a carga de trabalho dos profissionais.

Segundo a pesquisadora Kristina Lang,da Universidade de Lund, na Suécia, principal autora do estudo, citada pelo The Washington Post, os resultados são “promissores, mas não são suficientes, por si só, para confirmar que a IA está pronta para ser implementada na triagem de mamografia”.

Uma preocupação decorrente do estudo é que, ao detectar mais tumores, o computador pode superdiagnosticar ou revelar cânceres que representam baixo risco para as pacientes.

Na pesquisa recém-publicada, a IA detectou mais tumores do tipo “in situ” – células cancerosas que ainda não se espalharam e podem representar baixo risco. Como apontam os autores, isso pode levar pacientes e médicos a tratar algo que não é necessariamente uma ameaça – inclusive realizando mastectomias ou remoção cirúrgica de um ou ambos os seios.

Outra limitação do estudo é que ele não coletou dados de diferentes raças, portanto, não pode determinar se as triagens feitas pelo computador são melhores na identificação de tumores em determinados grupos populacionais.