Saúde
Mutações podem ter aumentado a capacidade de transmissão da varíola dos macacos
Estudo português descobre que o Monkeypox virus, causador do surto atual, já sofreu ao menos 50 mutações
O Monkeypox virus, que vem causando medo em todo o mundo ao infectar cerca de 3.000 pessoas com a varíola dos macacos, pode estar sofrendo mutações mais rapidamente do que se previa. Isso segundo estudo publicado nesta sexta (24/6) na revista científica Nature Medicine.
Dados do Ministério de Saúde apontam 16 casos de monkeypox no Brasil, distribuídos em três estados: 10 ocorrências em São Paulo, quatro no Rio de Janeiro e duas no Rio Grande do Sul. Desse total, três foram considerados autóctones (contaminação interna).
Na pesquisa recém-divulgada, os cientistas afirmam que as mutações podem explicar por que a cepa atual da varíola dos macacos parece ser mais transmissível.
Um dos autores do estudo, João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde de Lisboa, em Portugal, citado pelo site americano Financial Times, diz que o mundo está lidando com um surto “causado por um vírus que apresenta mais mutações do que poderíamos esperar para esse tipo de vírus”.
“Foi bastante inesperado encontrar tantas mutações no vírus da varíola dos macacos de 2022. Na verdade, considerando as características do genoma desse tipo de vírus, é provável que não mais do que uma ou duas mutações surjam a cada ano”, completa o pesquisador português.
A equipe do estudo observou cerca de 50 alterações no genoma do monkeypox. Esse tipo de micro-organismo tende a ser relativamente estável, e surtos anteriores costumavam desaparecer sempre que um caso era detectado em lugares onde a doença não era endêmica, revela o site americano.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está se reunindo nesta sexta (24/6) para decidir se a varíola dos macacos deve ser classificada como emergência de saúde pública de interesse internacional, o mais alto nível de alerta de saúde do mundo. A covid-19, por exemplo, recebe essa classificação.
O estudo atual usou metagenômica, que pode ajudar a reconstruir sequências de DNA em uma série temporal, e o primeiro esboço do genoma do Monkeypox virus foi divulgado no mês passado.