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Saúde

Novas cepas do coronavírus podem ser mais eficazes para infectar, segundo estudo

Por João Paulo Martins  em 11 de junho de 2021

Pesquisa preliminar aponta que o SARS-CoV-2 pode usar estratégia de infecção que engana o sistema imunológico, dificultando o combate natural à covid-19

Novas cepas do coronavírus podem ser mais eficazes para infectar, segundo estudo
(Foto: Pixabay)

Quando um vírus entra em nosso corpo, ele infecta as células, usando-as como uma “fábrica” para criar cópias de si mesmo. Em seguida, as estruturas ficam sobrecarregadas e explodem, espalhando os micro-organismos para que invadam novas células.

O organismo ativa então o sistema imunológico, que envia linfócitos (glóbulos brancos) para se ligarem aos vírus e impedir que continuem a infecção. Mas o que acontece se o patógeno não precisar sair da célula para se espalhar? Nossos anticorpos seriam eficazes?

Em estudo publicado no repositório online bioRxiv (ainda não analisado por outros cientistas) no dia 1º de junho, pesquisadores avaliaram o novo coronavírus SARS-CoV-2, que é altamente infeccioso e pode alterar células humanas, fazendo-as se fundir com duas ou mais células próximas. As “supercélulas” tornam-se excelentes “fábricas” de vírus.

Conhecida como sincício, a fusão de células possui vários núcleos (que contêm material genético) e citoplasma abundante (substância gelatinosa que envolve o núcleo). Esses componentes presentes na célula gigante ajuda o SARS-CoV-2 a se replicar com mais eficiência, segundo os cientistas. E ao fundir as células, o coronavírus aumenta seus recursos sem ser exposto aos anticorpos neutralizantes que atuam fora de nossas células.

Pesquisa usou duas cepas do SARS-CoV-2

O estudo que ainda é considerado preliminar testou duas variantes do coronavírus (alfa e beta) quanto à capacidade de transmissão de célula para célula e se isso seria neutralizado pela ação dos linfócitos.

A variante alfa (identificada pela primeira vez no Reino Unido) é sensível a anticorpos, e a variante beta (identificada pela primeira vez na África do Sul) é menos sensível às estruturas de defesa do organismo, de acordo com a pesquisa.

Os cientistas descobriram que a transmissão célula a célula com ambas as variantes evitou com sucesso a neutralização dos anticorpos. Isso mostra que, quando o SARS-CoV-2 se instala no corpo é mais difícil eliminá-lo caso as células se unam.

Claro que as manobras criadas por vírus para infectarem humanos existem há milênios e fazem parte da evolução desses micro-organismos. Estratégias de evasão imunológica como a transmissão direta de uma célula para outra, que nem sempre requer a fusão celular, pode fazer com que os linfócitos percam eficácia, afirmam os cientistas.

É razoável presumir que os anticorpos são mais eficazes na prevenção da invasão celular e menos eficazes em partes do corpo onde a infecção já está estabelecida. Isso significa que as vacinas serão ineficazes contra novas cepas? Felizmente, como lembram os pesquisadores, nosso sistema imunológico também evoluiu e aprendemos a construir defesas que funcionam de várias maneiras.