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Saúde

Novo estudo da OMS rejeita uso da hidroxicloroquina para covid-19

Por João Paulo Martins  em 02 de março de 2021

Anti-inflamatório indicado para malária, lúpus e artrite não surte efeito na prevenção ou tratamento da infecção causada pelo coronavírus, afirmam especialistas

Novo estudo da OMS rejeita uso da hidroxicloroquina para covid-19
(Foto: Pixabay)

A hidroxicloroquina não deve ser usada para prevenir ou tratar a covid-19, aconselha a Organização Mundial da Saúde (OMS) em estudo divulgado nesta terça (2/3) no jornal científico The BMJ.

O anti-inflamatório, que é muito usado no tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide, já foi elogiado pelo ex-presidente americano Donald Trump e recebe apoio constante do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Após avaliação do painel de especialistas da OMS, descobriu-se que o medicamento não tem efeito significativo para evitar mortes ou hospitalizações decorrentes do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Na verdade, a entidade alerta que a substância pode até aumentar o risco de efeitos adversos.

“O painel faz uma forte recomendação contra o uso de hidroxicloroquina para indivíduos que não têm covid-19. O painel julga que a droga não é importante para quase todas as pessoas”, diz trecho do estudo recém-publicado.

Entenda a análise do painel

A evidência obtida pela OMS provém de seis ensaios clínicos randomizados que incluíram mais de 6.000 voluntários com e sem exposição ao SARS-CoV-2.

De acordo com o painel, a hidroxicloroquina não é mais considerada uma prioridade de pesquisa e os cientistas devem redirecionar seus esforços para outras drogas preventivas promissoras.

Ele acrescenta que os mais de 80 ensaios sobre o remédio, que planejam contar com cerca de 100.000 participantes, “provavelmente não revelarão quaisquer benefícios e devem ser cancelados”.

Nos Estados Unidos, a Food & Drug Administration (FDA), espécie de Vigilância Sanitária, inicialmente emitiu uma autorização de uso de emergência para a hidroxicloroquina em março passado. Porém, em junho essa decisão foi indeferida, depois que a FDA determinou que o medicamento provavelmente “é eficaz no tratamento de covid-19 para os usos autorizados”.

Cientistas e médicos do mundo todo já haviam alertado contra o uso desse anti-inflamatório, exceto nas indicações habituais, devido ao risco de efeitos colaterais, especialmente os relacionados ao coração.