Novo estudo mostra que ivermectina não ajuda pacientes com Covid-19

A ivermectina, um medicamento antiparasitário usado pelo ex-presidente americano Donald Trump e recomendado por muitos negacionistas como tratamento da covid-19, não faz nada para impedir que a doença progrida, de acordo com estudo feito na Malásia e publicado na última sexta (18/2) no periódico científico Journal of the American Medical Association.

Como mostra a revista americana Forbes, os pesquisadores deram o vermífugo muito usado em animais para 241 pacientes de alto risco que estavam infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) com quadros leves ou moderados.

A ivermectina oral foi administrada por cinco dias durante a primeira semana da doença, mas os cientistas descobriram que o fármaco não reduziu o risco de a covid progredir para quadros graves em comparação com 249 pacientes semelhantes que não receberam a droga.

O estudo foi realizado entre 31 de maio e 25 de outubro de 2021 em 20 hospitais públicos e um centro de quarentena da covid-19 com voluntários acima de 50 anos com comorbidades.

Para testar a eficácia do medicamento, de acordo com a Forbes, os pesquisadores mediram a proporção de pacientes que evoluíram para a necessidade de oxigênio suplementar para manter a oxigenação do sangue acima de 95%, bem como as taxas de ventilação mecânica, admissão na unidade de terapia intensiva e outros efeitos adversos.

Os resultados mostram que 21,6% dos voluntários do grupo que recebeu ivermectina evoluíram para casos graves de covid, enquanto 17,3% dos pacientes do grupo de controle acabaram ficando mais graves. Não foram registradas diferenças significativas entre os grupos em relação aos demais desfechos.

O estudo reforça as descobertas de ensaios clínicos de 2021 na Colômbia e na Argentina, que determinaram provisoriamente que a ivermectina não tem um efeito significativo nos sintomas ou nas taxas de hospitalização entre pessoas contaminadas pelo SARS-CoV-2, informa a revista americana.

Vale lembrar que o vermífugo é barato e usado no tratamento de infecções parasitárias em humanos, como vermes intestinais e piolhos. O remédio também é indicado para tratar animais como cavalos e vacas.

No início da pandemia de covid-19, alguns estudos iniciais sugeriram que a ivermectina poderia tratar ou prevenir a infecção por coronavírus, embora, mais tarde, cientistas descobriram que muitas dessas pesquisas tinham deficiências metodológicas.

A Food and Drug Administration (espécie de Vigilância Sanitária) dos EUA não aprova o uso da ivermectina para tratar covid-19 em pessoas e alerta que as doses destinadas a animais podem ser perigosas para humanos, possivelmente causando náusea, pressão baixa, tontura, perda de equilíbrio, convulsões, coma e até morte.