Saúde
Pandemia afetou memória e capacidade de atenção de pessoas com mais de 50 anos
Segundo estudo, população mais velha que sofreu de ansiedade e depressão durante a quarentena acabou com as funções cognitivas afetadas
Pessoas com mais de 50 anos que se sentiram mais ansiosas e deprimidas no primeiro ano da pandemia de covid-19 apresentaram piores resultados em teste de atenção e memória, segundo estudo apresentado na última terça (9/11) na Conferência de Ensaios Clínicos sobre a Doença de Alzheimer, realizada entre 9 e 12 de novembro em Boston (EUA).
Segundo o jornal britânico The Telegraph, cientistas das universidades de Exeter e King’s College de Londres, no Reino Unido, usaram dados de mais de 6.000 pessoas acima de 50 anos que participaram de um estudo online e realizaram questionários e testes cognitivos.
“Descobrimos que as pessoas que estavam mais ansiosas e deprimidas entre 2019 e 2020 também viram sua memória de curto prazo e capacidade de concentração piorar, como se tivessem envelhecido naturalmente de cinco a seis anos antes do esperado”, revela a pesquisadora Helen Brooker, da Universidade de Exeter, uma das autoras do estudo, citada pelo jornal.
Ainda conforme a especialista, é provável que os principais fatores estejam relacionados à ansiedade generalizada causada pela quarentena provocada pelo novo coronavírus, especialmente os longos períodos de lockdown.
“Precisamos entender isso melhor para que possamos criar estratégias eficazes para apoiar as pessoas e preservar a saúde mental e cerebral em futuras pandemias”, completa Brooker, citada pelo The Telegraph.
O estudo descobriu que a maior queda da capacidade de memória e atenção ocorreu em pessoas com níveis moderados ou mais altos de ansiedade e depressão.
“Pessoas com problemas de saúde mental muitas vezes experimentam um declínio em suas habilidades de pensamento, incluindo a memória, por isso não é surpreendente que tenhamos visto isso no estudo. A questão importante é o que acontece à medida que esses problemas diminuem. Vemos melhorias na memória ou são permanentes?”, diz a pesquisadora Til Wykes, da Universidade King’s College, citada pelo periódico britânico.
A cientista lembra que a estimulação mental e a prática regular de exercícios físicos são importantes para manter as habilidades cognitivas. Como a pandemia reduziu a realização dessas atividades, especialmente para pessoas mais velhas, os problemas verificados no estudo se mostraram mais intensos nessa faixa etária, explica Wykes ao The Telegraph.