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Saúde

Reino Unido deixa de recomendar remédio para câncer de próstata da AstraZeneca

Por João Paulo Martins  em 05 de janeiro de 2022

O olaparibe é usado para prolongar a vida de pacientes cujo câncer de próstata sofreu metástase e o tratamento custa quase R$ 300.000

Reino Unido deixa de recomendar remédio para câncer de próstata da AstraZeneca
(Foto: Freepik)

 

O medicamento olaparibe (Lynparza), produzido pela biofarmacêutica britânica AstraZeneca, que tem potencial para prolongar a vida de pacientes com câncer de próstata, deixa de ser recomendado pelo Serviço Nacional de Saúde (National Health Service ou NHS) do Reino Unido.

A recomendação pela desistência do uso do remédio foi dada pelo Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidado (National Institute for Health and Care Excellence ou Nice), também do Reino Unido, que disse ter encontrado evidências incertas sobre a eficácia do olaparibe, revela o jornal britânico The Independent.

Segundo o Nice, o preço de tabela da caixa com 56 comprimidos do medicamento é de 2.317,50 libras (cerca de R$ 18.821), servindo para 14 dias de tratamento. O custo total da terapia com o remédio é de 37.491 libras (cerca de R$ 288.305).

A AstraZeneca possui um acordo comercial que disponibiliza o olaparibe com desconto para o departamento de saúde do Reino Unido, informa o periódico britânico.

Na recomendação, o Nice afirma que a droga não deve ser usada por homens com câncer de próstata com recidiva hormonal e mutações BRCA1 ou BRCA2 que se espalhou para outras partes do corpo. Bem como pacientes que tenham feito tratamento com terapias hormonais abiraterona ou enzalutamida.

O tratamento recomendado para tumor na próstata que sofreu metástase e não responde mais à terapia hormonal é a quimioterapia com docetaxel, cabazitaxel ou dicloreto de rádio-223, conforme o The Independent.

O Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidado esclarece que os ensaios clínicos realmente confirmam que aqueles que tomam olaparibe têm maior sobrevida antes da doença piorar e vivem mais tempo no geral do que as pessoas que fazem tratamento com abiraterona ou enzalutamida.

No entanto, alerta que o uso de abiraterona e enzalutamida não é considerado eficaz e não é o tratamento padrão do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.

O Nice também afirma que o benefício do olaparibe é incerto em relação ao uso de docetaxel, cabazitaxel ou dicloreto de rádio-223 porque não há evidências comparando diretamente os medicamentos.

Uma análise indireta sugere que a droga da AstraZeneca aumenta o tempo de vida das pessoas que tomaram docetaxel em comparação com cabazitaxel, mas isso também não é confirmado, de acordo cm o The Independent.

Para o pesquisador Johann De Bono, do Instituto de Pesquisa do Câncer de Londres, entrevistado pelo jornal britânico, se diz desapontado pela decisão do Nice. “O olaparibe é uma droga de precisão que pode estender a vida de homens com algumas mutações em seus tumores, poupando-os dos efeitos colaterais da quimioterapia. Fiquei muito feliz quando o olaparibe foi aprovado para pacientes do NHS na Escócia no início deste ano. É decepcionante que essa decisão significa que perderão uma opção de tratamento tão valiosa”.