Saúde
Sublinhagem da ômicron BA.2 é capaz de contaminar mesmo quem tomou três doses da vacina
Estudo pré-publicado e ainda não revisado descobriu que a versão da variante ômicron é mais transmissível e capaz de infectar apesar das imunizações
Estudo pré-publicado no final de janeiro no repositório científico online medRxiv (ainda não revisado por cientistas) mostra que quem recebeu três doses das vacinas contra covid-19 está protegido dos danos causados pela BA.2, sublinhagem da variante ômicron do coronavírus, mas pode ser contaminado por ela.
Os cientistas identificaram pela primeira vez a ômicron do SARS-CoV-2 na África do Sul no final de novembro de 2021. A cepa é mais transmissível do que as variantes anteriores, incluindo a delta, o que permitiu que se tornasse a mais difundida em todo o mundo.
Agora, cientistas a subvariante BA.2 está se espalhando rapidamente em vários países, incluindo EUA, Reino Unido e Dinamarca, o que deixou muita gente preocupada.
Na pesquisa atual, cientistas da Dinamarca confirmaram que BA.2 é mais transmissível que a BA.1 (ômicron original), porém, a boa notícia é que a vacinação protege contra a infecção causada por ela, segundo o site de notícias de saúde Medical News Today.
A pesquisa não forneceu nenhuma evidência sobre a gravidade da doença causada por essa sublinhagem.
Variante "furtiva"
O teste considerado padrão ouro para detecção da covid-19, o de reação em cadeia da polimerase, ou PCR, na sigla em inglês, pode identificar se o paciente está infectado pela BA.1 da ômicron.
Isso porque a cepa não possui o gene associado à proteína Spike, usada pelo coronavírus para infectar as células humanas.
Como mostra o Medical News Today, como a BA.2 possui todos os genes do SARS-CoV-2, inclusive a da proteína, os testes de PCR não podem distingui-la de outras variantes comuns.
Isso levou os especialistas em saúde a apelidarem BA.2 de variante “furtiva’ da ômicron porque passa despercebida nos testes comuns e só pode ser identificada por meio do sequenciamento genético.
Segundo o estudo pré-publicado, citado pelo site especializado, na última semana de 2021, a BA.2 representava cerca de 20% de todos os casos de infecções por covid-19 na Dinamarca. Mas na segunda semana de 2022, cerca de 45% dos casos eram associados à sublinhagem da ômicron. Isto indica que a subvariante tem uma vantagem sobre BA.1 na população dinamarquesa vacinada.
Eficácia das vacinas
Pesquisadores liderados pela Universidade de Copenhague queriam descobrir se as vacinas ainda protegem as pessoas contra essa sublinhagem.
Entre 20 de dezembro de 2021 e 18 de janeiro de 2022, a equipe monitorou 8.541 famílias na Dinamarca, com um total de 17.945 participantes, revela o Medical News Today.
Dos 8.541 casos iniciais de infecção nesses domicílios, 2.122 foram associados à BA.2.
Durante um período de acompanhamento de um a sete dias, todas as infecções “primárias” levaram a um total de 5.702 casos secundários entre os 17.945 voluntários que moravam nas mesmas casas.
Os pesquisadores estimam que em domicílios onde a infecção primária foi BA.1, 29% dos outros membros da família adquiriram o vírus, enquanto a taxa de casos secundários foi de 39% para BA.2.
Independentemente de o caso inicial ter sido BA.1 ou BA.2, os moradores não vacinados foram os mais suscetíveis à infecção, revelam os pesquisadores, citados pelo site de notícias de saúde.
No entanto, a BA.2 apresentou um aumento da taxa de casos secundários em indivíduos vacinados em comparação com BA.1. Isso sugere que sublinhagem da ômicron é melhor em evadir a proteção imunológica que as vacinas fornecem do que cepa original.
No entanto, como os autores mencionam, citados pelo Medical News Today, “é provável que essa mudança tenha um custo evolutivo para BA.2. Para nossa surpresa, encontramos uma transmissibilidade diminuída da BA.2 em relação à BA.1 entre totalmente vacinados, com dose de reforço”.