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Saúde

Tela de acrílico não impede transmissão da covid-19, alertam especialistas

Por João Paulo Martins  em 31 de julho de 2021

Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências do Reino Unido afirma que as barreiras transparentes, muito usadas no comércio, dependem de vários fatores para serem eficazes

Tela de acrílico não impede transmissão da covid-19, alertam especialistas
Sage alerta que a barreira de acrílico pode acabar contribuindo para a transmissão da covid-19 se for instalada errada (Foto: Plexiglass/Divulgação)

Telas de acrílico usadas como “barreira de proteção” conta a covid-19 em salões de beleza, barbeiros e lojas podem, na verdade, aumentar a disseminação do vírus se forem posicionadas incorretamente, alertam cientistas do Scientific Advisory Group for Emergencies (Sage ou Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências) do Reino Unido.

Documento de uma reunião do Sage divulgado pelo jornal britânico The Telegraph revela que existem “poucos dados” sobre a eficácia das telas na inibição da propagação de partículas virais.

As evidências sugerem que existem três vias principais pelas quais o novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode se espalhar, e todas se baseiam nas partículas infecciosas emitidas pela boca ou nariz da pessoa infectada ao falar, espirrar ou tossir.

Gotículas que contêm partículas virais podem ser interrompidas por barreiras, se uma pessoa estiver a dois metros da outra, afirmam os especialistas da Sage, citados pelo jornal. No entanto, as barreiras físicas não “fornecem qualquer benefício direto” em distâncias maiores.

Tela de acrílico não impede transmissão da covid-19, alertam especialistas
(Foto: Plexiglass/Divulgação)

Partículas infecciosas menores, chamadas aerossóis, provavelmente também não são inibidas pelas telas porque são leves o suficiente para flutuar nas correntes de ar e se espalhar por espaços abertos, revelam os especialistas do grupo científico.

“A menos que sejam projetadas levando em conta o fluxo de ar, as telas [de acrílico] provavelmente não reduzirão a exposição do vírus em aerossóis menores, pois eles podem facilmente passar pela tela com o fluxo de ar num curto período de tempo”, diz o documento reproduzido pelo The Telegraph.

Ainda de acordo com o Sage, há evidências epidemiológicas e mecânicas que sugerem que as telas de acrílico podem aumentar os riscos de transmissão provocada pelos aerossóis devido ao bloqueio/alteração dos padrões de fluxo de ar ou à criação de zonas de má circulação atrás delas. Isso depende, claro, dos padrões de fluxo de ar dos locais em que estão instaladas.

Os cientistas, citados pelo periódico britânico, afirmam que a eficácia das telas depende do layout do lugar, da ventilação, do tamanho e do design e do tipo de interação na área em que serão instaladas.

De qualquer forma, o Sage alerta que mais pesquisas são necessárias para verificar a eficácia das telas e barreiras em diferentes ambientes.