Transplantados podem precisar de 3 doses da vacina para covid-19, diz estudo

Estudo publicado na última terça (15/6) no periódico científico Annals of Internal Medicine mostra que pessoas transplantadas podem ter melhor proteção contra a covid-19 se receberem uma 3ª dose de vacina.

Os cientistas afirmam que a descoberta é importante porque em pessoas que receberam órgãos a resposta imunológica à vacinação se mostra menos forte do que nas que possuem sistema imune saudável.

Na pesquisa atual, realizada pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, foram analisados dados de 30 transplantados que receberam por conta própria uma 3ª dose de vacinas para covid-19.

Resultados do estudo

Os pesquisadores descobriram que cerca de 33% dos pacientes vacinados que não apresentavam anticorpos detectáveis em exames tiveram um aumento na resposta imunológica após a 3ª dose. E todos que anteriormente possuíam baixos níveis de anticorpos com duas doses do imunizante contra o novo coronavírus, mostraram altos níveis de anticorpos após receberem mais uma vacina.

“Portanto, para todos os envolvidos, essas descobertas nos mostram que poderemos realmente alcançar a imunidade protetora em pessoas imunossuprimidas”, afirma o pesquisador Dorry Segev, um dos autores do estudo, citado pelo site da ONG americana NPR.

Embora as descobertas sejam preliminares, ele diz que são consistentes com pesquisas anteriores sobre como as pessoas que receberam transplantes de órgãos respondem a outras vacinas.

De acordo com os cientistas, esse é o primeiro estudo a relatar a resposta imunológica após três doses de imunizante para covid-19. Porém, ele é observacional e baseado nos dados fornecidos pelos voluntários.

Se os resultados forem replicados em estudos maiores, incluindo de testes clínicos, podem ter implicações para outros tipos de pacientes imunossuprimidos. Na França, segundo o NPR, as autoridades de saúde já recomendam que pacientes com sistema imunológico muito enfraquecido, incluindo transplantados e pacientes que fazem hemodiálise, devem receber uma 3ª dose da vacina Pfizer ou da Moderna.

Conforme Dorry Segev, citado pelo site da ONG, a expectativa é de que sejam compartilhados dados desses franceses triplamente imunizados para entender a eficácia da administração de três doses em imunocomprometidos.

“Obviamente, o que precisamos aprender […] é quem vai responder à terceira dose. Quem precisa de outras mudanças além de apenas uma terceira dose, como alterações temporárias nos medicamentos imunossupressores, para melhorar a resposta dos anticorpos à vacinação”, comenta o pesquisador.

A equipe da Universidade Johns Hopkins já está em fase de regulamentação de um estudo clínico com pessoas que receberam transplantes de órgãos para entender a eficácia da 3ª dose da vacina e monitorar as respostas imunológicas. Eles esperam poder aceitar voluntários nos próximos dois meses, diz o NPR.