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Saúde

Uma dose da vacina da Pfizer não é suficiente para quem tem câncer

Por João Paulo Martins  em 11 de março de 2021

Segundo estudo britânico, a imunidade adequada dos pacientes com câncer maligno depende da segunda dose do imunizante

Uma dose da vacina da Pfizer não é suficiente para quem tem câncer
(Foto: Flickr/zaldyimg/Creative Commons/Divulgação)

Pacientes com câncer ficam menos protegidos contra covid-19 do que outras pessoas após uma dose da vacina da Pfizer, sugere estudo realizado pela universidade King’s College de Londres e pelo Instituto Francis Crick, ambos do Reino Unido.

A espera de 12 semanas pela segunda dose do imunizante pode deixar as vítimas de câncer vulneráveis ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). Mas ao receber a segunda vacina, a proteção desses pacientes aumentou.

Segundo a emissora estatal britânica BBC, o Instituto de Câncer do Reino Unido alerta que esse estudo ainda não foi revisado por outros cientistas e as pessoas em tratamento de câncer devem continuar a seguir os conselhos de seus médicos.

Cerca de 1,2 milhão de pessoas dos grupos de risco foram priorizadas para receber a primeira dose de vacina no Reino Unido, incluindo pacientes com tipos específicos de cânceres.

A oncologista Sheeba Irshad, principal autora do estudo do King’s College, diz à BBC que as descobertas são “realmente preocupantes” e recomenda a revisão urgente do prazo entre as doses para pessoas consideradas extremamente vulneráveis.

“Até lá, é importante que os pacientes com câncer continuem observando todas as medidas de saúde pública em vigor, como distanciamento e blindagem social, quando vão aos hospitais, mesmo após a vacinação”, orienta a médica, citada pela emissora.

 

Entenda a pesquisa britânica

 

O estudo, ainda não publicado ou revisado por pares, avaliou 205 pessoas, incluindo 151 com câncer do tipo maligno, incluindo de pulmão, mama, intestino e sangue.

Os pesquisadores testaram voluntários para anticorpos e linfócitos T no sangue, que sinalizam que o sistema imunológico está pronto para proteger a pessoa contra o vírus.

De acordo com a BBC, três semanas após a primeira dose da vacina da Pfizer, a produção de anticorpos pelo organismo foi de:

 

  • 39% nas pessoas com cânceres malignos
  • 13% nas pessoas com câncer no sangue
  • 97% nas pessoas sem câncer

 

Já depois de receber a segunda dose, que foi aplicada três semanas após a primeira, houve um aumento acentuado na resposta imunológica contra o coronavírus nos pacientes com câncer, subindo para até 95%.

Mas entre aqueles que tiveram que esperar mais pela segunda dose, não houve melhora real na proteção.

Cinco semanas após a primeira dose, a produção de anticorpos foi detectada em:

 

  • 43% das pessoas com cânceres malignos
  • 8% das pessoas com câncer no sangue
  • 100% das pessoas sem câncer

 

Como mostra a emissora britânica, nos testes realizados pela Pfizer, duas doses foram administradas com três semanas de intervalo e, embora um intervalo maior entre as vacinas funcione para indivíduos saudáveis, os pesquisadores da King’s College de Londres dizem que os pacientes com câncer não respondem da mesma maneira.

“Uma medida não serve para todos. Os tratamentos contra o câncer têm efeitos profundos no sistema imunológico e os mecanismos de defesa dos pacientes oncológicos são inferiores. Precisamos nos preocupar com outras doses para essa população também. Eles precisam da segunda dose rapidamente”, comenta Sheeba Irshad à BBC.