busca

Saúde

Vacina contra o câncer pode reduzir em 44% o risco de morte ou retorno da doença, diz Moderna

Por João Paulo Martins  em 13 de dezembro de 2022

O imunizante criado pela biofarmacêutica americana foi somado a uma imunoterapia da Merck para combater um melanoma de alto risco

Vacina contra o câncer pode reduzir em 44% o risco de morte ou retorno da doença, diz Moderna
(Foto: Moderna/Divulgação)

 

As biofarmacêuticas Moderna, dos EUA, e Merck, da Alemanha, estão se preparando para lançar o teste de fase 3 da vacina e tratamento contra o câncer, que usa RNAm (mensageiro). Segundo as empresas, citadas pelo jornal americano Financial Times, um estudo mostrou que a terapia foi capaz de aumentar as chances de sobrevida de pacientes com um tipo agressivo de câncer de pele.

Dados publicados pela Moderna nesta terça (13/12) mostram que a combinação de sua vacina experimental contra o câncer e o medicamento de imunoterapia Keytruda (pembrolizumabe) da Merck reduziu em 44% o risco de morte ou recorrência do melanoma de alto risco nos pacientes, em comparação com o tratamento usando apenas a imunoterapia.

O estudo randomizado de fase 2 recrutou 157 pacientes que já haviam se submetido a cirurgia para retirada do melanoma. Os voluntários foram acompanhados por um ano. Alguns participantes receberam nove doses da vacina contra o câncer, chamada mRNA-4157/V940, juntamente com Keytruda. Outros receberam apenas Keytruda, que é o tratamento padrão para melanoma de alto risco.

Ao Financial Times, Stéphane Bancel, executivo-chefe da Moderna, diz que os resultados encorajaram a Merck e a Moderna a embarcar no estudo maior de fase 3, que ainda precisa de autorização das agências reguladorasdos EUA.

A grande maioria dos medicamentos que tiveram sucesso nos estudos de fase 2 falharam nos estágios seguintes de testes.

As empresas também pretendem testar a combinação de medicamentos em outros tipos de câncer. “Acreditamos que isso deve funcionar em muitos tipos de tumor, não apenas no melanoma”, comenta Bancel ao jornal.

Os cientistas há muito estudam o potencial de usar a tecnologia de RNAm – que é mais conhecida por compor muitas vacinas contra o covid-19 – para fornecer um imunizante que ensine o sistema imunológico a atacar diretamente os tumores.

De acordo com Julie Bauman, da Universidade George Washington (EUA), as vacinas de RNAm contra o câncer são adaptadas para ter como alvo o tumor específico de determinado paciente.

“Você obtém o tecido do tumor, faz o sequenciamento genético e, em um período de seis semanas, fabrica uma vacina que corresponde às 10 a 20 principais mutações”, explic aa cientista ao jornal americano.

Bauman afirma que o imunizante estimula o sistema imunológico da pessoa a atacar de forma seletiva as células cancerosas.