Saúde
Vírus Epstein-Barr, da mononucleose, pode causar esclerose múltipla, diz estudo
Cientistas analisaram milhões de voluntários e descobriram que a infecção pela mononucleose antecedia casos de esclerose
Cientistas já suspeitavam que o vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose (doença do beijo), podia desencadear esclerose múltipla, doença neurológica autoimune. Agora, um estudo publicado na última quinta (13/1), na revista científica Nature, avaliou 10 milhões de militares nos EUA e descobriu que praticamente todos os casos de esclerose eram precedidos pela mononucleose.
A descoberta sugere que uma vacina contra o vírus Epstein-Barr poderia reduzir bastante a incidência da doença neurológica debilitante, caracterizada pelo ataque do sistema imunológico à bainha protetora que envolve os nervos, levando a sintomas como dificuldade para andar, que pioram com o tempo.
Como mostra o site americano de notícias científicas New Scientist, o causador da mononucleose é um tipo de vírus do herpes que é transmitido espalha principalmente pela saliva, por exemplo, ao beijar ou beber no mesmo copo. A doença também é conhecida como febre glandular, gerando poucos ou nenhum sintoma, mas uma vez que o vírus entra nas células imunes chamadas células B, ele se esconde nelas permanentemente. Ele pode reativar e causar problemas mais tarde na vida, incluindo vários tipos de câncer, alerta o site.
Como foi o estudo
O problema em associar o Epstein-Barr à esclerose múltipla é que nove em cada 10 pessoas em todo o mundo possuem o vírus. Isso significa que os cientistas precisam monitorar um número muito grande de voluntários para descobrir se os que não foram infectados pelo Epstein-Barr têm menos probabilidade de desenvolver esclerose.
No estudo atual, foram avaliadas amostras de sangue de militares americanos, que eram coletadas regularmente. Apenas 5% dos recrutas não estavam infectados com o vírus da mononucleose quando a primeira amostra de sangue foi coletada. Dos 10 milhões de militares, 955 desenvolveram esclerose múltipla, normalmente cerca de 10 anos após a coleta da primeira amostra.
Segundo o New Scientist, apenas um dos que desenvolveram esclerose múltipla testou negativo para anticorpos do Epstein-Barr. Outros 34 não estavam infectados quando a primeira amostra de sangue foi coletada, mas se contaminaram antes de terem o diagnóstico de esclerose.
O que ainda não está claro é por que tão poucos infectados pelo vírus desenvolvem esclerose múltipla – menos de um a cada grupo de 10.000 recrutas. No entanto, é a norma e não a exceção que apenas uma minoria dos infectados por um vírus apresente complicações graves, lembra o site especializado.